Pequenas e médias indústrias brasileiras no contexto da quarta revolução industrial: é tudo ou nada?

Fonte: A voz da Indústria 
Nessa reflexão coletiva, confira como o colunista Pedro Ferreira observa o papel e as oportunidades para pequenas e médias indústrias na era do 4.0.

Há algum tempo ouço que nossa mão de obra tem baixa produtividade e que ela é um obstáculo para a inovação na indústria brasileira. Também tem sido comum escutar que as pequenas e médias indústrias não tem capital para investir na tão sonhada quarta revolução industrial. Já ouvi um colega da indústria dizendo que necessitava implementar a “Indústria 4.0” na sua empresa, mas quando perguntei a ele o que isso significa ele não soube me responder. Para que o Brasil entre de vez na quarta revolução industrial precisamos jogar esse “tudo ou nada”? Conversei com os profissionais que ocupam cargos de destaque na indústria e com grandes pesquisadores internacionais e eles me deram a sua opinião sobre o tema.

Desde que comecei a trabalhar com os temas relacionados a Indústria 4.0, sempre me perguntei o que seria feito pelas pequenas e médias indústrias e se elas tinham que possuir todas aquelas tecnologias que chamamos de disruptivas (IoT, Big Data, Robótica, manufatura aditiva etc.) para estarem inseridas no contexto atual. Recentemente, Fabiano Lourenço (vice-presidente da Mitsubishi Electric no Brasil) me disse que apesar de termos grandes players do setor automobilístico, farmacêutico, de alimentos e bebidas com alto nível de maturidade digital em seus processos, ainda temos outros segmentos que precisam entender duas coisas: 1) o conceito de indústria 4.0 e 2) suas próprias necessidades. Na minha opinião ele foi cirúrgico nas duas afirmações. Lembra do meu amigo descrito no primeiro parágrafo? Em outras palavras, não necessito de “tudo”, apenas o que faz sentido para mim. Ainda segundo ele, é bem possível que o médio e pequeno empresário descubra que um conjunto de melhorias ligadas a automação sejam suficientes para o resultado esperado, sem que se necessite da completa digitalização.

No sentido do que foi afirmado, posso dar como exemplo um sistema Pick To Light, que pode proporcionar com poucos recursos e baixo investimento (um CLP, uma IHM e um conjunto de luzes) um sistema que dará informações de produtividade dos funcionários e capabilidade do processo. E o que os pesquisadores dos países como Japão, Alemanha e Brasil pensam a respeito deste assunto? Eles corroboram com a opinião do Fabiano? Em conversa que tive com o Prof. Dr. Ari Aharari da Sojo University (Kumamoto – Japão) ele me afirmou que as partes mais importantes da quarta revolução industrial, são como conectar as máquinas existentes e como instalar sensores nelas para obter dados do processo. Para isso poderiam ser utilizados equipamentos de baixo custo como o Arduino e o Raspberry, apostando em um segundo passo que seria desenvolver softwares para rodar estes dispositivos, antes de gastos mais dispendiosos com as tecnologias que são protagonistas.

Agora vamos para o local onde o termo Indústria 4.0 nasceu, a Alemanha. Em conversa com o professor Dr. Claudius Terkowsky da Technische Universität Dortmund (Dortmund – Alemanha), ele me afirmou que ‘tudo ou nada’ nunca parece uma boa opção e que a indústria 4.0 é uma direção, um vetor que devemos seguir. Surpreendentemente, em pesquisa realizada na Alemanha, foi constatado que as pequenas empresas (comuns) ainda carecem de digitalização e que ainda podem fazer bons negócios sem apostar tudo nela. Existe a necessidade de minimizar danos ambientais a zero e esta revolução pode abrir oportunidades se for inteligente (e não fingir ser inteligente).

Para fechar o meu raciocínio, procurei o Prof. Mauro Andreassa (Professor do Centro Universitário do Instituto Mauá de tecnologia), que trabalhou mais de 20 anos na Ford e o Prof. Dr. José Benedito Sacomano (Professor e pesquisador da Universidade Paulista – UNIP). Na opinião do primeiro, temos que dar a dose certa do remédio, devemos fornecer as pequenas e médias empresas aquilo que as manterá competitivas globalmente, ou seja, fazer aquilo que realmente elas precisam. Já o Dr. Sacomano me afirmou que a indústria 4.0 é um paradigma para ganhos intensos de produtividade e competitividade, então a empresa brasileira que estabelecer estratégias neste sentido estará alinhada estrategicamente com ela. Para ele não existem incentivos governamentais ou uma política industrial para habilitar estas empresas nas dimensões da cultura técnica e cultura organizacional. Então para mim a resposta é simples, pensar simples e de forma objetiva, desenvolvendo e utilizando tecnologias para inserir estas empresas na digitalização, não esquecendo do meio ambiente.

68% das indústrias estão com dificuldades para obter insumos no Brasil

Fonte: Portal da Indústria

Mais da metade das empresas avalia que o problema só se resolverá no próximo ano. 44% delas têm problemas para atender clientes. E oito em cada dez perceberam alta no preço dos insumos e das matérias-primas.

A indústria brasileira passa agora pelo segundo efeito da pandemia do Covid-19. O primeiro paralisou a produção. No segundo, faltam estoques, insumos e matérias-primas. É o que mostra sondagem especial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com a pesquisa, 68% das empresas consultadas estão com dificuldades para obter insumos ou matérias-primas no mercado doméstico e 56% das empresas que utilizam insumos importados regularmente, com dificuldades em adiquiri-los no mercado internacional.

Além disso, 82% perceberam alta nos preços, sendo que 31% falam em alta acentuada. A pesquisa contou com a participação de 1.855 empresas, entre 1º e 14 de outubro, em 27 setores das indústrias de transformação e extrativa. O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, explica que as empresas optaram por reduzir os estoques para enfrentar a forte queda no faturamento e o difícil acesso ao capital de giro nos primeiros meses da crise.

“A economia reagiu em uma velocidade acima da esperada. Assim, tivemos um descompasso entre a oferta e a procura de insumos. E tanto produtores quanto fornecedores estavam com os estoques baixos. No auge da crise, vimos a desmobilização das cadeias produtivas e baixos estoques. Além disso, temos a forte desvalorização do real, que contribuiu para o aumento do preço dos insumos importados”, afirma.

A pesquisa mostra que 44% das empresas consultadas afirmam que estão com problemas para atender os clientes. Essas empresas apontam entre as principais razões para a dificuldade de atendimento a falta de estoques, apontada por 47% das empresas, demanda maior que a capacidade de produção, com 41% e incapacidade de aumentar a produção, com 38%.

Do total de empresas que não conseguem aumentar a produção, 76% alegam que não conseguem ampliar a produção pela falta de insumos. E o problema deve durar pelo menos mais três meses. Mais da metade, 55% das empresas, acreditam que a capacidade de atender os clientes se normalizará apenas em 2021. A percepção sobre o mercado de insumos é menos otimista. Entre os entrevistados, 73% acreditam que só deve melhorar apenas em 2021.

Em 10 dos 27 setores considerados, ao menos metade das empresas está com dificuldades para atender a demanda. Os percentuais de empresas que encontram dificuldades para atender os clientes é maior nos setores Móveis (70%), Têxteis (65%) e Produtos de material plástico (62%).

Pequenas empresas são mais afetadas pela falta de insumo
A situação é mais grave entre as empresas de pequeno porte. Nesse segmento, 70% foram afetadas pela falta de insumos ante 66% nas grandes. Além disso, o percentual de empresas menores que afirmam enfrentar muita dificuldade é maior, alcançando 28% entre as pequenas empresas e 27% entre as médias.

O real valor da produção industrial

Fonte: Portal da Indústria

Cada real produzido pelas fábricas brasileiras gera mais de dois reais no PIB e estimula a atividade econômica e o emprego em outros setores, da a agricultura aos serviços.

Desde 2003, o engenheiro agrônomo e produtor rural Cássio Kossatz, do Paraná, vem investindo em tecnologias para auxiliar suas decisões e obter o melhor retorno nas fazendas da família. “Depois de estágio de um ano nos Estados Unidos, decidimos  investir pesado em tecnologia, como o uso de máquinas com piloto automático para plantio, colheita e pulverização”, explica ele, também diretor da K2 Agro, empresa que presta serviços de agricultura de precisão com o objetivo de reduzir custos, aumentar a produtividade e diminuir impactos ambientais.

Kossatz destaca que o uso de inovações desenvolvidas pela indústria contribui cada vez mais para melhorar o resultado da produção no campo. “São sistemas que permitem usar quantidade variável de adubo e semente nas plantadeiras para fazermos as chamadas zonas de manejo, visando não só ao aumento da produtividade, mas também à otimização de insumos”, conta o produtor. O equipamento, guiado via satélite, é usado nas três fazendas da família nas cidades paranaenses de Ipiranga, Ponta Grossa e Tibagi.

“Desde 2012, o ano em que fizemos o investimento mais pesado, o que mudou é que a indústria evoluiu e hoje o acesso a essas tecnologias ficou muito mais simples. Naquela época, tudo precisava ser adaptado e não tínhamos muito suporte. Tivemos que aprender com a tecnologia”, lembra Kossatz.

Segundo ele, atualmente um software mapeia a colheita e gera dados de produtividade, indicando onde o solo precisa de mais adubos. “Esses equipamentos nos permitiram reduzir em 60% o uso de insumos no primeiro ano, em 80% o de calcário e em 50% o de fósforo”, relata.

O uso de uma plantadeira, equipada com tecnologia de geoposicionamento via satélite (GPS) e uma série de ferramentas que orientam as várias etapas da produção agrícola, permite distribuir uniformemente as sementes. Esse tipo de equipamento é um exemplo de como a indústria, por meio do desenvolvimento de novos produtos, pode contribuir para proteger o meio ambiente da ação agropecuária, com o aumento da produtividade sem ampliação da área agricultável e a redução do dano ambiental com uso de produtos ecológicos.

Na  avaliação do economista Antonio Márcio Buainain, professor da Universidade de Campinas (Unicamp), quando se analisa o papel da indústria e das relações intersetoriais, fica claro que ela é ainda um motor relevante, com participação significativa na geração de empregos formais diretos, no próprio setor, e indireto, nos demais setores, como também na arrecadação de tributos. “Enganam-se aqueles que pensam que um país da dimensão do Brasil pode ser sustentável sem uma indústria forte e competitiva. Sem uma indústria competitiva, é impossível o adensamento das cadeias produtivas.”

Segundo ele, “a indústria precisa, antes de mais nada, de uma economia organizada, com regras claras, com horizonte de solução adequado para os principais obstáculos sistêmicos que reduzem sua competitividade, passando pela questão logística, pelos custos de energia e pelas relações de trabalho”. Apesar do ambiente desfavorável para inovação no Brasil, ele afirma que a indústria contribui para o desenvolvimento de uma grande variedade de sementes e para a expansão do conhecimento a partir de pesquisas em parceria com instituições públicas de ensino e com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

José Carlos Hausknecht, sócio diretor da MB Agrícola, explica que a indústria tem um papel importante na cadeia de suprimentos, por meio da produção fertilizantes, defensivos agrícolas e maquinário. “Hoje, o produtor precisa de máquinas com GPS, com uma série de equipamentos que permitam monitorar e aumentar a eficiência na aplicação dos insumos. Há um conjunto de novos defensivos, que estão sendo desenvolvidos para controlar pragas e doenças, e de novos fertilizantes, mais eficientes e com capacidade de promover e aumentar a eficiência da produção”, conta Hausknecht.

O especialista ressalta, ainda, o processamento de alimentos como um elo produtivo e sinérgico importante entre a indústria e a agropecuária. “É o caso do frigorífico, que vai abater os animais e processar a carne, seja de frango, bovina ou suína. Vai produzir para fazer esse produto chegar ao consumidor de uma maneira que seja atraente, que tenha qualidade, que atenda às necessidades do consumidor”, explica.  Além disso, a tecnologia desenvolvida pela indústria permite a produção de biocombustível e biodiesel, combustíveis renováveis e menos poluentes, contribuindo para um ecossistema produtivo mais sustentável.

Por isso, diz Hausknecht, “não adianta pensar só no setor agrícola”. “A gente tem realmente que ter um pensamento de cadeia, porque beneficiando qualquer elo dessa cadeia, acaba aumentando a eficiência da produção. Não adianta você ter uma área agrícola muito forte se você não tem uma indústria de insumos por trás, que vai apoiar essa produção agrícola, se você não tem uma indústria processadora eficiente e competente, seja para atender ao mercado interno, seja para conseguir colocar nossos produtos lá fora”, resume o diretor da MB Agrícola.

Tecnologia que vem da indústria promove a produtividade no campo

No estudo A indústria e o agronegócio brasileiro, publicado em 2018 pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o economista José Roberto Mendonça de Barros já avaliava que “o setor agropecuário tem hoje uma intensa ligação com o setor industrial, muito maior do que mesmo pessoas bem informadas acham”. Segundo o texto, essa ligação “é resultado tanto do avanço na tecnologia de produção, colheita e armazenagem quanto da crescente complexidade no processamento e na geração de valor de produtos e matérias-primas para os mercados interno e externo”.

O economista lembra que a cadeia do agronegócio tem uma demanda difusa, porém relevante em muitos segmentos industriais. Um terço da produção de caminhões, carrocerias e reboques, por exemplo, é diretamente utilizado em transporte de produtos agrícolas, suas transformações e seus insumos. Mendonça  de Barros menciona, ainda, o crescente uso de aviões, drones, motocicletas e outros veículos em substituição a animais, tanto no transporte de pessoas como no trabalho de administração rural.

Outro exemplo da codependência produtiva vem da construção civil, cuja atividade implica em demandas difusas sobre os setores de borracha e material plástico, minerais não metálicos, produtos de metal, máquinas, aparelhos e materiais elétricos.

Indústria é quem mais investe em pesquisa, desenvolvimento e inovação

Além de ser o setor onde o trabalhador médio tem maior escolaridade, com emprego formal e maior rendimento, a indústria é muito conectada com outros setores, ressalta Alessandra Ribeiro, sócia da consultoria Tendências. “Isso faz com que haja um transbordamento para o restante da atividade econômica. A inovação surge tanto na própria indústria quanto nos segmentos com os quais a indústria se relaciona. Muitos dos investimentos transbordam e afetam outros segmentos da sociedade”, afirma Alessandra.

Segundo ela, os benefícios das inovações industriais não ficam restritos apenas à indústria, mas são apropriados por outros setores. “Esse benefício transborda e a economia toda se beneficia das inovações industriais. É o caso, por exemplo, dos aparelhos que funcionam com menor gasto de energia e que contribuem para um ambiente mais sustentável, mas ao mesmo tempo reduzem despesas com o uso dos equipamentos, uma vez que o consumo é menor”.

Rafael Cognin, economista do IEDI, afirma que a indústria é o principal polo gerador de tecnologia e de inovação para o sistema produtivo de uma maneira geral.  “Quando se olha para o setor privado, nota-se que é quem mais investe em P&D e inovação, mas também é o único setor na economia que tem um departamento próprio, específico, para revolucionar as formas de produção da própria indústria e de todos os outros setores da economia”, avalia Cognin.

“Quando se olha para o setor privado,
a indústria é quem mais investe em PD&I”

Rafael Cognin, economista do IEDI

Segundo ele, “são novos produtos de bens de capital que vão transformar o modo de produzir no restante da economia. Esse é um fator-chave e é por isso que a indústria é importante. Ela tem esse papel de revolucionar e de traduzir o avanço científico em novos métodos de produção. O benefício se difunde por todos os setores da economia. Um exemplo claro desse fenômeno são os avanços na agropecuária e na agricultura”, descreve o economista.

Rafael Cognin explica que esse avanço tecnológico do agronegócio está muito calcado em novos produtos industriais, como implementos agrícolas, provenientes da indústria química, e colheitadeiras e tratores, da indústria de bens de capital e mecânica. Também no setor de serviços, diz o especialista, boa parte da atividade é viabilizada pela indústria, por meio do desenvolvimento de inovações.

Um exemplo dessa interação da indústria com o setor de serviços é a Escola do Mecânico, que funciona desde 2011 em Campinas (SP). “O papel da indústria no nosso negócio é fundamental. Toda a tecnologia usada nos carros nasce na fabricação dos veículos, no projeto de engenharia dos veículos. Precisamos ter uma relação muito próxima com a indústria que, por meio de parcerias, transfere esse conhecimento e nos ajuda a construir conteúdo didático e material técnico para nossos alunos”, explica Sandra Nalli, fundadora da escola, que emprega 350 instrutores e tem cerca de 16 mil alunos nas 35 unidades.

Ela cita como exemplo os carros híbridos movidos a combustível e eletricidade. “Embora a frota circulando no Brasil ainda seja pequena, essa é uma nova realidade. Sozinhos, não conseguiríamos absorver essa tecnologia ao ponto de repassá-la para o mecânico que, de fato, vai reparar esse tipo de veículo”, comenta. “Se a parceria é importante porque gera novas demandas de serviços para a escola”, diz Sandra Nalli, “também ajuda a indústria, uma vez que o mercado precisa ter profissionais preparados para fazer a manutenção e o reparo desse tipo de veículo quando necessário”.

“Por mais que a gente fale de virtualização e digitalização de algumas atividades, isso continua tendo uma base industrial. A inovação industrial ajuda a construir o futuro de novos produtos e o futuro de novas formas de produzir. É isso que é viabilizado pelas competências industriais”, argumenta Cognin. Mas há um outro fator, segundo ele, que explica por que muitos países não abriram mão da indústria, inclusive os desenvolvidos e mais liberais como o Reino Unido e os Estados Unidos: a capacidade de gerar um crescimento mais robusto da economia.

“A produção industrial, principalmente a manufatureira, como é um processo muito complexo, com cadeias produtivas muito longas, vai costurando e articulando diferentes segmentos da própria indústria, mas também setores e atividades de outra natureza, como serviços, extração mineral, agropecuária e outros”, explica Cognin. “A indústria é o único setor econômico que tem capacidade de revolucionar a forma de produzir, de consumir e de prestar serviços em todos os ramos da economia”, diz o economista.

No caso do Brasil, segundo cálculos de Cognin referentes a 2018, “quando a indústria cresce de forma sustentada 1% ao ano, o restante da economia cresce 2%”. Ou  seja, a capacidade de a indústria alavancar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) geral é muito grande. “São cadeias longas, complexas, diversificadas e que demandam bens e serviços de natureza muito distinta. Outros setores têm essa capacidade de impulso, mas em muito menor grau. Menor porque as cadeias produtivas são mais curtas ou porque o bem produzido é mais simples”, explica o especialista.

Conforme dados da pesquisa Perfil da Indústria, realizada pela Confederação Nacional da Indústria, embora represente 20,9% do PIB, o setor industrial responde por 70,1% das exportações brasileiras de bens e serviços, por 72,2% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e por 33% da arrecadação de tributos federais, exceto receitas previdenciárias. Além disso, o setor emprega 9,4 milhões de trabalhadores, dos quais 6,7 milhões estão alocados apenas na indústria de transformação, é responsável por 20,2% do emprego formal no Brasil e paga os melhores salários.

Em algumas cidades, a indústria tem um papel fundamental para a economia local, tanto no recolhimento de tributos municipais quanto na geração de empregos e movimentação do comércio. “Aqui em Itaú de Minas, a indústria é a mola mestra da economia. Sem ela, o município ficaria quase sem recurso nenhum”, afirma o secretário de finanças da cidade, Ubirajara Marques. Segundo ele, a cidade, com 16 mil moradores, “gira em torno da mineração e essa atividade afeta os demais setores”.

Apesar de responder por 20,9% do PIB, a indústria tem 70% da exportações e paga 33% dos impostos federais

Em entrevista ao Canal AgroMais, o presidente da CNI, Robson Braga Andrade, disse recentemente que, embora os economistas e especialistas gostem muito de separá-las, as atividades econômicas estão dentro de uma mesma plataforma. “No caso de serviços, por exemplo, temos os serviços industriais. A mesma coisa se dá com o agronegócio. Quando você exporta carne, você exporta carne processada. Quando você exporta alimentos, muitas vezes estes também são processados. A indústria do agronegócio é uma indústria muito importante”, destacou Andrade.

Para ele, a tecnologia desenvolvida pela indústria é importante tanto na melhoria dos produtos quanto no desenvolvimento de inovações que são colocadas no mercado externo. Fortalecer o setor industrial é um passo importante para garantir uma retomada sustentável da economia, segundo o dirigente. Pesquisa feita pelo Instituto FSB com executivos de 1.017 empresas, a pedido da CNI, mostrou que 94% dos entrevistados consideraram importante ou muito importante fortalecer a indústria nacional para diminuir a dependência do Brasil de matérias-primas e equipamentos importados em momentos de crise como esse da pandemia.

A nova era do aço: exportações devem impulsionar siderurgia em 2021

Fonte: Veja Abril

Setor retoma níveis de produção aos poucos; apesar do impacto da pandemia, o câmbio favorável e a reforma tributária no horizonte sustentam otimismo

Fazia um calor intenso na manhã de 26 de agosto, uma quarta-feira, quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros figurões do governo surgiram na cerimônia de retomada das atividades do alto-forno 1 na usina de Ipatinga da Usiminas, em solo mineiro. Acompanhavam o presidente da República, membros da alta cúpula da política nacional e do estado de Minas Gerais, como o governador Romeu Zema (Novo), além de executivos da companhia siderúrgica. O equipamento tem capacidade de produzir cerca de 2.000 toneladas diárias de ferro gusa.

Com a pandemia do novo coronavírus, a economia mundial travou em meados de março. O fechamento de fábricas e a retração do consumo em todo o mundo fizeram com que a produção da matéria-prima primordial para a construção civil e para a indústria, presente em automóveis e eletrodomésticos, ficasse estagnada e a capacidade ociosa disparasse.

Desde 2015, a utilização da capacidade nas siderúrgicas nacionais não passa de 70%. Com a Covid-19, os índices caíram para menos de 50%. A despeito do cenário nebuloso, ainda existe um grande espaço para ser ocupado. Para isso, a retomada econômica é de suma importância. A conjuntura macroeconômica atual, em que pesa a taxa básica de juros, a Selic ao menor nível histórico e o dólar valorizado frente ao real, sinaliza novos tempos para a indústria nacional, sobretudo para as exportadoras. Soma-se, ainda, a disparada nos preços do minério de ferro, o que faz reacender as chamas de um futuro promissor para este mercado. “O atual dinamismo do setor imobiliário e dos preços relativos como câmbio devem estimular a indústria siderúrgica nacional, especialmente se a demanda global ajudar”, projeta o engenheiro e doutor em economia Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e atual diretor de estratégia econômica e relações com mercados do banco Safra.

Em governos anteriores, a indústria nacional foi preterida em relação ao avanço de setores como comércio e serviços. Não são poucos os que classificam o período da recente economia brasileira como um processo de ‘desindustrialização’. Pode ser que tal afirmação seja até exagerada, mas não se deve negar que a taxa de juros altíssima e o dólar parelho ao real de tempos passados foram fatores que levaram diversos segmentos produtivos à estagnação. “Em países mais desenvolvidos, quando você tem um processo de desindustrialização, é porque a renda da população e o PIB per capita já alcançaram uma evolução natural”, afirma Luis Fernando Martinez, diretor-executivo da CSN. “Aqui no Brasil, a indústria se desidratou nos últimos anos, ao mesmo tempo em que não tivemos crescimento dos índices de renda da população”.

Dados do Instituto Aço Brasil apontam que a produção siderúrgica brasileira não passou de 14,2 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2020. Os números identificam uma queda de 17,9% em relação à quantidade produzida de janeiro a junho do ano passado. O crescimento robusto do mercado imobiliário reduziu as perdas do setor no período, mas ainda é necessário que a indústria automobilística e a produção de máquinas e equipamentos retomem. “Mais de 80% da demanda da indústria siderúrgica brasileira está concentrada em construção civil, bens de capital e no setor automotivo. Quando veio a pandemia, nós enfrentamos uma crise severa, porque só o setor da construção civil continuou funcionando”, diz Marco Polo de Mello Lopes, presidente da entidade. “Em julho, nós retomamos o nível de atividade que tínhamos em janeiro. Estamos vivenciando uma retomada em V.”

Segundo Martinez, da CSN, o país precisa passar por uma ‘reindustrialização’ de maneira sólida. Para isso, não basta a taxa de juro atraente, mas a desburocratização do sistema tributário nacional — lembra-se que a reforma tributária ainda tem um longo périplo a seguir antes de ser aprovada no Congresso. “A indústria precisa ter um papel mais relevante na economia. Em países mais desenvolvidos, a participação da indústria no PIB gira em torno de 25%. Hoje, o nível de participação da indústria no PIB nacional é inferior a 10%”, diz Martinez.

 

O consumo do aço ilustra o desenvolvimento das nações. Olhar para a Ásia torna isso bastante claro. Enquanto o consumo per capita de produtos siderúrgicos no Brasil era de 100,6 kg (quilogramas) em 1980, a China consumia apenas 32 kg. Em 2019, no entanto, esse indicador evoluiu no país asiático para a marca de 636,1 kg. O Brasil, entretanto, manteve-se estagnado, com consumo de 99,4 kg per capita no último ano. Na Coreia do Sul, por sua vez, o patamar evoluiu de 134,4 kg para 1.054,4, na mesma base comparativa. Não à toa, a China e a Coreia do Sul são dois dos principais exemplos de evolução econômica das últimas décadas — e o Brasil viveu de soluços de crescimento e de duas décadas perdidas.

A multinacional ArcelorMittal, que exporta para mais de 30 países a partir de sua operação brasileira, prevê novos rumos para a siderurgia com a reforma tributária. “Não existe país forte sem uma indústria forte”, diz Benjamin Baptista Filho, presidente da companhia no Brasil. Para ele, o grande trunfo da reforma será reconduzir o país no caminho da geração de emprego por meio de investimentos em infraestrutura. “A China e a Coreia do Sul são ótimos exemplos de países que investiram muito, com a criação de portos, aeroportos, ferrovias, construção naval e desenvolvimento de máquinas agrícolas. Aqui no Brasil, só a malha de aeroportos é bem desenvolvida. Ainda há muito o que se fazer”, reitera.

Assim como o processo de religamento de um alto-forno é delicado e demanda muitos estudos, aumentar a capacidade produtiva para exportação não é tão simples. Para diminuir a ociosidade nas fábricas, índice que em junho foi de 51%, o setor briga pela recomposição da alíquota do Reintegra, programa de incentivo fiscal criado pelo governo em 2011. Hoje, essa alíquota é praticamente invisível, apenas 0,1%. “Nós temos uma capacidade ociosa muito alta. Enquanto não sai a reforma tributária, brigamos com o governo pela recomposição do Reintegra, que é um meio importante de recompormos a nossa capacidade competitiva, migrando nossos produtos para a exportação”, diz Mello Lopes, do Instituto Aço Brasil. O Reintegra já foi mais generoso. Em 2014, por exemplo, devolvia 3% da receita da exportação.

Com o cenário de guerra comercial, a balança brasileira foi afetada e as vendas de produtos manufaturados recuaram 11% em 2019, para 77,5 bilhões de dólares. Mesmo assim, empresas brasileiras que têm plantas na América do Norte, como CSN e Gerdau, conseguiram passar quase que ilesas pelo período mais conturbado do embate geopolítico. Recentemente, os Estados Unidos anunciaram uma medida para restringir a importação do aço de diversos países. Não foi diferente com o Brasil. Devido à ociosidade na indústria americana, a cota isenta para o produto brasileiro foi reduzida de 350.000 toneladas para 60.000 toneladas no quarto trimestre deste ano. Em dezembro, os países devem voltar à mesa de negociação para definir o acordo para 2021. Lembra-se que os EUA são o principal mercado para a exportação do aço brasileiro.

Nos últimos anos, as companhias que investiram em tecnologia em seus processos produtivos se deram bem e agora devem colher os frutos. “De 2008 a 2019, a indústria siderúrgica brasileira investiu 27,5 bilhões de dólares. A maior parte desses aportes foi na área tecnológica. É o que faz com que as empresas do setor chamem a atenção do investidor na bolsa de valores”, relembra Mello Lopes. As siderúrgicas listadas no Ibovespa, principal índice das ações listadas na B3, recuperaram rapidamente o valor de mercado neste ano. Um dos fatores para isso é que, com o investimento em eficiência tecnológica, as empresas a diminuíram os custos nos últimos anos. Recentemente, a CSN lançou o projeto CSN Inova, que pretende desenvolver soluções para Indústria 4.0. “As pessoas talvez ainda tenham uma visão de que a indústria siderúrgica é ultrapassada, pesada e obsoleta. Mas não é nada disso. A siderurgia nacional é uma das mais tecnológicas no mundo”, diz Martinez, diretor-executivo da empresa.

Apesar dos bons ventos que sopram a favor da siderurgia nacional, há de se ressaltar que o dólar, um fator preponderante para as exportações, também se valorizou perante as moedas de outros competidores, como a Turquia e a Rússia. A indústria automotiva, um dos principais mercados do aço, tende a demorar para registrar uma retomada acentuada, o que continuará pressionando as margens das siderúrgicas do país. Além disso, a recuperação econômica com mais vigor depende da aprovação da reforma tributária. “Essa nova composição de Estado pensado pelo ministro Paulo Guedes, que é juro baixo e câmbio desvalorizado, pode ser muito positiva. Mas, para isso, é preciso ter coordenação para que as reformas estruturantes sejam aprovadas no Congresso”, diz Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual digital. Só assim, a atividade econômica voltará a crescer, e consolidará a retomada do tradicional setor do aço em uma nova era de grandes negócios.

A PolySeal tem as melhores soluções em vedação para a Indústria Siderúrgica, fale com os nossos especialistas e tire as suas dúvidas.

Indústria supera produção pré-pandemia em 6 de 15 locais em Agosto, segundo IBGE.

Fonte: Valor Econômico

Amazonas, Pará, Ceará, Goiás, Minas Gerais e Pernambuco estão acima do nível registrado em fevereiro; São Paulo e Rio seguem abaixo.

Seis dos 15 locais acompanhados pelo Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM-Regional), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), superaram em agosto o nível de produção de fevereiro, mês que antecedeu as medidas de isolamento social para enfrentamento da pandemia.

De acordo com a pesquisa, o Estado do Amazonas produzia, em agosto 7,6% a mais do que em fevereiro deste ano. Outros Estados que superavam o nível pré-pandemia eram Pará (5,5% acima de fevereiro), Ceará (5%), Goiás (3,9%), Minas Gerais (2,6%) e Pernambuco (0,7%).

Bernardo Almeida, gerente da pesquisa do IBGE, disse que o resultado ocorre após a reabertura e flexibilização das medidas de isolamento social. “A pesquisa reflete, em grande medida, a ampliação do movimento de retorno à produção de unidades produtivas, após paralisações e interrupções por conta da pandemia”, disse Almeida.

A produção industrial nacional cresceu 3,2% em agosto, quarta alta seguida. Porém, na média nacional, a produção segue 2,6% abaixo do pré-pandemia.

O parque fabril do Estado de São Paulo produz 0,6% abaixo do verificado em fevereiro. O Rio de Janeiro ainda produz em agosto 0,1% abaixo do pré-pandemia.

Em agosto, a produção industrial subiu em 12 dos 15 locais pesquisados, em comparação com julho.

Consumo de bens industriais cresce 3% em maio

Fonte: Revista Amanhã 

O consumo aparente de bens industriais no Brasil cresceu 3% em maio, em relação a abril, após três meses seguidos de resultados negativos. O dado foi divulgado nesta quinta-feira (9) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O indicador acompanha a produção industrial interna que não é exportada e as importações de bens industriais no país. Apesar do crescimento em relação aos meses mais afetados pela pandemia de Covid-19, o consumo de bens industriais em maio foi 15,8% inferior ao do mesmo mês do ano passado.

A alta em relação a abril foi a primeira desde janeiro, o último mês antes de os reflexos da pandemia crescerem. Em abril, o indicador havia caído 0,3% na comparação com março, quando teve o maior recuo do período da pandemia, com retração de 11,9% ante fevereiro. No segundo mês do ano, o resultado também foi negativo em relação a janeiro, com retração de 1%. Em 12 meses, o consumo aparente de bens industriais acumula redução de 3,6%. Já no trimestre móvel encerrado em maio, que inclui março e abril, houve recuo de 16,9% em relação ao trimestre compreendido entre fevereiro e abril.

Importações

Em maio, a alta no consumo de bens industriais foi maior nas importações, que cresceram 10,5%, enquanto a produção de bens nacionais aumentou 1,9%, ambas na comparação com abril. O consumo de bens de capital aumentou 68,7% em maio, enquanto o de bens intermediários caiu 0,6%. A maior alta, porém, foi no consumo de bens duráveis, com expansão de 80,6% em relação ao período mais afetado pelo coronavírus. Em comparação com maio de 2019, todas as categorias econômicas tiveram queda.

Entre os 22 segmentos da indústria, 19 tiveram melhora no desempenho em relação a abril, entre eles os veículos automotores, cuja demanda aparente cresceu 56,1%. Já na comparação com maio de 2019, apenas quatro registram crescimento.

O uso do material H-Ecopur nas indústrias de alimento, bebida e farmacêutica

H-Ecopur®, um elastômero termoplástico de poliuretano, é um dos mais conhecidos e de maior sucesso de todos os materiais de vedação do mundo.

H-Ecopur® possui uma estabilidade à hidrólise excepcionalmente alta em comparação com elastômeros comerciais de poliuretano. Portanto, o material é recomendado para uso em aplicações de água quente, como as encontradas nos processos de limpeza do setor de alimentos e bebidas. Devido à sua natureza saturada e sua composição química especial, H-Ecopur® oferece excepcional estabilidade térmica e é altamente resistente a bases e soluções CIP diluídas.

A resistência ao desgaste é sempre um fator importante na indústria de alimentos, e o H-Ecopur® oferece excepcional resistência ao desgaste em comparação com outros materiais usados.

H-Ecopur® atende aos requisitos das indústrias de alimentos, de bebidas e farmacêuticas, proporcionando muitas vantagens aos nossos clientes:

  • conformidade com uma ampla gama de normas internacionais sobre alimentos
  • resistência química contra muitas soluções de limpeza e materiais alimentícios
  • excelente resistência ao desgaste
  • superfície adequada para os processos de limpeza
  • material de vedação atóxico

A Polyseal oferece aos clientes soluções específicas de engenharia e tem a capacidade de fabricar e fornecer peças exclusivas, em pequenas e grandes quantidades, com prazos “just-in-time”.

Nosso setor de engenharia é capaz de te auxiliar com produtos feitos sob medida em termos de material e perfil, que seguem os regulamentos, fornecendo certificados e outros documentos que possam ser exigidos para essas indústrias!

Entre em contato e saiba mais!